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Tipo Elon Musk? Empresário brasileiro anuncia Lecar, primeira marca de carro elétrico do Brasil, e fala sobre games no veículo

Sonho saindo do papel
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Musk and Assis
Elon Musk (Esq.) e o brasileiro Flávio Assis. (Imagem: Montagem/Reprodução/Divulgação)
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No que se refere ao setor automotivo, o Brasil já tem oficialmente um Elon Musk para chamar de seu. Isso porque nesta quinta (21), o empresário brasileiro Flávio Assis anunciou o lançamento da Lecar, a primeira marca brasileira de carros elétricos.

Vista de perfil do Model 459, primeiro carro projetado pela montadora br. (Imagem: Divulgação)

E ao que tudo indica, parece que mais comparações com o bilionário tem tudo para ser feitas, inclusive na parte gamer que lhe toca. De acordo com o CEO da empresa, “Há um mundo de possibilidades que podemos alcançar, então, sim, podemos sonhar com isso.” diz Flávio, em entrevista ao Observatório de Games.

O empresário diz aponta ainda que a tecnologia atual está avançada o suficiente para proporcionar conforto e entretenimento em alto nível nesse segmento. “Não há limites”, define.

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Spoilers do carro

Composta de capital 100% nacional, a marca já conta com o primeiro protótipo de carro elétrico, batizado de Lecar Model 459, que deve ser produzido em larga escala na cidade gaúcha de Caxias. Por enquanto, ainda não há muitas informações sobre o veículo, contudo, já se sabe que o carro utilizará as baterias da Winston, marca chinesa utilizada pelas gigantes Volkswagen e Hyundai.

Ilustração destaca o interior do Model 459. (Imagem: Divulgação).

Outra curiosidade entregue é com relação ao nome do carro, explicada pelo próprio CEO. “João Flavio, meu filho, sugeriu um sorriso no carro, tanto na dianteira e traseira, a frente um belo sorriso.” A referência se baseia na parceria que a marca pretende ter com fornecedores chineses, já que “Le” significa “feliz” em chinês.

Ilustração destaca a parte frontal do Model 459. (Imagem: Reprodução/Youtube).

Preocupação x Oportunidade

O mercado de carros nacionais tem vivido momentos turbulentos nos últimos anos. A saída de empresas como Mercedes-Benz, Hyundai e Volkswagen causaram um doloroso impacto financeiro em camadas que vão do comércio local ao redor das fábricas até o setor fiscal das prefeituras.

Ex-pátio da Ford, em Camaçari-BA, hoje em vias de ser ocupado pela montadora chinesa BYD. (Imagem: VANER CASAES/AG. BAPRESS/FOLHAPRESS/JC)

Isso até preocupou o dono da Lecar num primeiro momento, mas por outro lado, o empresário preferiu refletir em cima das oportunidades diante do compromisso dos países ricos, que em 2023 se comprometeram a zerar a produção de carros movidos a combustão até 2035.

“Foi pensando nisso que busquei criar a Lecar.” diz Flávio, entendo que o momento poderia ser propício para se investir no sonho de ter um carro elétrico de DNA-BR, e ainda reforçar a questão da mobilidade por aqui. “O que é um país sem mobilidade?” questiona o empresário.

Desconfiança x arrependimento

Nem só de entusiasmo viveu o projeto Lecar até aqui. Muito pelo contrário, diz o empresário. ” No começo foi difícil, ninguém acreditava, nem o sócio e um grupo de profissionais da área automobilística”, revela Flávio, referindo-se ao seu sonho de investir esforços em um carro elétrico brasileiro.

Flávio vai além, e diz ainda que no começo nem mesmo os fornecedores queriam atender, mas que hoje, “Já vem atrás, pois sabem da demanda enorme que um carro elétrico está por ter”.

Elon Musk Br?

Embora muito distante do patrimônio do homem mais rico do mundo, Flávio gosta da comparação e a entende como bem-vinda. “Os amigos tem me chamado de Elon Musk brasileiro, o que me deixa envaidecido, pois tenho admiração pelas conquistas do empresário, mas o que eu quero mesmo é enaltecer o nome do Brasil e da indústria automobilística brasileira.” diz.

O brasileiro fundador e CEO da Lecar Flávio Assis. (Imagem: Divulgação)

Entrevista

Quais motivos levaram a fundar primeira montadora de carros elétricos do Brasil?

O primeiro pensamento me veio quando me deparei com a Lei 8723/1993, que regulamenta as emissões de Co2 em veículos automotores, e fazendo cálculos do coeficiente de redução de emissões, percebi que em 2027 nenhum tipo de motor a combustão será utilizado na fabricação de veículos.

Qual experiência você já tinha como empreendedor?

Sou formado em Direito e Contabilidade, fundei e administrei a empresa de cartão alimentação LECARD por 9 anos que movimentou bilhões, e vi a oportunidade de empreender em um seguimento novo para todos, pois as gigantes do setor também estão aprendendo a fazer carros elétricos.

Qual foram os primeiros desafios enfrentados?

O Primeiro desafio foi achar o designer de automóveis, pois algumas tarefas são verticalizadas nas montadoras e não há esse tipo de serviço disponível para contratação. Outro desafio foi o da engenharia, ninguém tinha feito um carro elétrico por aqui, e isso deixou alguns contatos sondados com medo do desafio. Vários desistiram com medo de fracassar.

É assim que todo carro começa. Time de engenheiros confere conexões entre peças do Model 459. (Imagem: Divulgação)

Por fim, achar um local de produção também foi uma tarefa desafiadora. Foi uma longa jornada até achar Caxias do Sul, onde felizmente encontramos muitos fornecedores já desenvolvidos para atender com excelência demandas de mobilidade

A planta industrial está no sul, mas a fundação da Lecar se deu em Alphaville-SP, por quê?

Eu resido em Alphaville desde 2021, então foi natural o projeto nascer aqui, e como encontramos as conveniências em Caxias do Sul, não teve como não ter a planta industrial por lá.

Carro elétrico é uma moda passageira?

O mercado não fala o real motivo dos automóveis elétricos. Não é uma “modinha”, é uma Lei da ONU onde o Brasil e mais 192 nações são signatárias. Aqui, a Lei é a 8723/1993 determinou uma redução progressiva da redução de C02 dos veículos automotores. Vale lembrar que desde 1993 os especialistas já previram o caos climático e a necessidade de cuidar melhor do meio ambiente.

Atenção nos detalhes: Engenheiros da Lecar conferem encaixe de peça traseira do Model 459. (Imagem: Divulgação)

Como foi a seleção do time?

Quando me perguntei “Quem vai me ajudar a fazer o carro?” lembrei que dois anos atrás a Ford e a Mercedes fecharam as suas fabricas no Brasil, então fui em busca desses profissionais. A primeira reunião com os engenheiros da Ford/Troller em Fortaleza foi em março de 2022, equipe perfeita para desenvolver um carro do zero.

Assis posa com time responsável pela construção do primeiro protótipo do Model 459. (Imagem: Divulgação)

O carro custará R$ 279 mil. Qual será a carga tributária?

A carga tributária para carros elétricos no Brasil segue a mesma tributação dos automóveis a combustão, ou seja, 42% de impostos federais, municipais e previdenciários.

O carro será autônomo?

Teremos um assistente de direção exigido na legislação do Brasil, lembrando que o nosso código de trânsito prevê que não podemos conduzir um veículo sem a mão ao volante. Diante disso, teremos, sim, muitos auxílios tecnológicos dessa natureza, mas sempre obedecendo o limite da nossa legislação.

Quais são os maiores desafios de se colocar um carro na rua?

Carro é mais de burocracia do que carro. São 98 homologações previstas em Lei, e as mais complexas são as de impactos. Inclusive, iremos enviar 3 carros para Londres para fins de testes e nunca mais veremos eles.

Lá, eles serão testados arduamente até ficarem praticamente inutilizáveis, depois disso, irão para um depósito por 5 anos, onde ficarão à disposição das autoridades locais. Nessa parte, notei que minha formação e habilidades foram e são bem úteis ao projeto. Direito e contabilidade tem mais haver com carros do que eu poderia imaginar.

Quais são as maiores dificuldades de projetar um carro especialmente para as estradas brasileiras?

Temos boas estradas no Brasil em algumas rodovias, mas a maioria delas é bastante desafiadora para carros desse porte. Diante disso, entendemos que uma suspensão e estrutura adequada possibilita maior durabilidade, segurança e conforto nessa condução. É o que vamos fazer.

Há capital suficiente para sustentar a montadora até 2025, quando pretende fazer o IPO?

Nosso bussines plan foi planejado ao contrário: “Quantos carros podemos produzir com o capital próprio?” Ainda podemos buscar investidores e financiamentos antes do IPO. Nosso crescimento foi pensando em sustentabilidade, iremos crescer com os lucros da companhia.

Como você enxerga o mercado de carros elétricos no país para iniciar esse projeto?

Enxergamos que trata-se de uma transição de tecnologia e matriz energética, que impacta toda mobilidade global, o novo que encanta e ao mesmo tempo assusta a todos.

Como estão as parcerias com as importadoras internacionais para manutenção e fabricação dos carros?

Nosso fornecedor do trem de força “motor elétrico, bateria, invasores e controladores são da empresa chinesa Wiston, que fornece para as gigantes Volskwagem e Hyundai. Temos as melhores tecnologias do mercado, sempre atualizados e com fornecedor tradicional e forte.

Cerca de 35% das peças serão importadas da China. Como enxerga essa dependência do ponto de vista econômico do país?

A China, juntamente com os USA, dominam a tecnologia de automóveis elétricos. E para o momento é a única alternativa viável, porém, vamos investir pesado em pesquisa e desenvolvimento para que em poucos anos possamos ter nossa autonomia em todas as etapas de produção.

Qual será o impacto para a cadeia automobilística brasileira?

Iremos produzir poucas unidades inicialmente, o Brasil emplaca em media 2.3 milhões de automóveis por ano na media dos últimos 10 anos, não teremos uma grande participação do mkt cher. Mas acreditamos que a participação dos elétricos deve ser proporcional a infra estrutura de abastecimento.

Qual será o impacto para a economia do RS? E do Brasil?

35% do carro é importado e 60% do RS, será um grande diferencial para o RS tendo a primeira fábrica de automóveis elétricos do Brasil, um estado com vocação industrial, de inovação e protagonismo.

Quanto ao Brasil vou contar um história, entrevistei em uma das fases de contratação um engenheiro da Tesla, e na entrevista ele disse: Bom dia”. Eu respondi “bom dia”, e em seguida foi direto ao assunto: “Onde vocês conseguiram tanto dinheiro para mexer com isso no Brasil?” essa impressão que vamos deixar do Brasil para o mundo: “O que está acontecendo no Brasil?” Esse povo está diferente, vamos conhecer eles melhor, vamos investir mais neles, ou seja, será um diferencial para o nosso povo perante as nações.

Existe perspectiva de novas parcerias internacionais?

Estamos em plena transição energética e de tecnologia da mobilidade, e da mesma forma que estamos recebendo muita contribuição, também estamos compartilhando as nossas. As montadoras são muito receptivas e parceiras das montadoras entrantes, temos velocidade e testamos muito com custo de uma fração de qualquer projeto deles. Desse ambiente colaborativo sempre surgem parcerias internacionais, pois a matriz de qualquer montadora no Brasil era de outro pais.

Qual a estratégia para atingir os mercados internacionais (EUA, França, Itália e Mônaco)?

São mercados onde temos relações pessoais mais fortes, e, consequentemente, com a notícia de empreendermos nessa área, já surgiu o interesse no projeto. e, como no Brasil que para receber investimentos e gerar empregos oferecemos as companhias estrangeiras vantagens fiscais, linhas de financiamento, juros subsidiados entre outras regalias, quando levamos nosso projeto para outras nações eles também oferecem vantagens competitivas.

Qual é a expectativa de faturamento da empresa em 2025?

Nossa produção inicial de 300 automóveis mês, 3.600 automóveis ano, vendidos por 279k, gerará um faturamento de mais de 1 bilhão de Reais. Ressalto, previsão, pois com o incremento de capital através de investidores, empréstimos e/ou IPO temos como crescer de 5 a 10 vezes a produção e consequentemente o faturamento, ou seja, no período de 2025/2026 podemos faturar de 5bi a 10bi.

Quais as suas metas de curto e longo prazo com a montadora?

Nossa meta dos sonhos é conseguirmos bons incentivos fiscais e um olhar diferenciado do governo para a mobilidade do país, algo que é um fator de desenvolvimento em qualquer nação.

Mais adiante, seria possível reduzir os preços dos nossos produtos e ganharmos escala na produção para elevar o Brasil ao patamar que representa sermos a 8ª economia do mundo, e com isso, ter uma montadora de automóveis à altura dessa economia, entregando um carro que vai dar orgulho ao brasileiro, que é apaixonado por carros. E que muitos possam ter um carro elétrico para chamar de seu.

O Model 459 será o único modelo da marca?

Teremos outros modelos, principalmente após o lançamento do Model 459, iremos sempre ouvir o desejo e a necessidade dos brasileiros para os próximos lançamentos. Somos a montadora de carros que desenvolve seus produtos ouvindo as necessidades do mercado.

Preços e encomendas

Conforme anunciado, o plano é vender os primeiros modelos por R$279 mil, e já é possível encomendar um Model 459 através do site oficial da empresa. A Lecar também promete manter os interessados atualizados também através de sua conta no Instagram.

Enquanto isso, o Cybertruck, o carro do videogame, com status de ‘inquebrável’, está finalmente chegando ao mercado depois de um atraso de dois anos.

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